O mais famoso casal de namorados de todos os tempos viveu em Verona, no norte da Itália. Na paisagem medieval do Palácio dos Senhores, entre torres, praças e mercados, Romeu e Julieta se encontraram em 1300, em uma das mais belas histórias de amor. E juraram que seria para sempre.
Uma guia turística diz que os grupos de estrangeiros não conhecem a arena de Verona, a grande obra dos antigos romanos. Mas sabem do drama dos dois jovens de famílias rivais.
Os Montechio, pais de Romeu, eram donos de uma casa. A família tinha poderes na administração da cidade. Os Capuleto, pais de Julieta, eram ricos comerciantes de Ambar. Dois milhões e meio de pessoas por ano vão à casa de Julieta. Nas paredes, gerações de grafites e declarações de amor.
Todos querem ver a mítica sacada, onde Julieta suspirou por Romeu, e que foi reproduzida no filme de Franco Zeffirelli, o mais célebre sobre a tragédia italiana.
Na sacada de Julieta, o beijo de Silvia e Mateo. “O beijo aqui é especial”, diz o estudante de Milão que levou a namorada de surpresa para comemorar o terceiro aniversário juntos. Silvia entrou no trem sem saber para onde ia. “Eu tampei os olhos dela”, diz ele.
A personagem de Julieta chega a provocar devoção. Muitos até se correspondem com ela. A primeira carta endereçada a Julieta foi escrita em 1937. Hoje à cidade de Verona chegam mais de cinco mil cartas por ano. Apaixonados do mundo inteiro procuram os conselhos da heroína italiana consagrada por Shakespeare e que morreu tragicamente por amor. E se transformou em uma espécie de protetora dos namorados.
Elas são conhecidas como as secretárias de Julieta. Abrem as cartas e, às vezes, se deparam com declarações inesperadas.
Uma das cartas veio de Bagdá, no Iraque. O iraquiano sonha e diz que é um cavaleiro. “Querida Julieta, deixe que eu a carregue nos meus braços, meu amor”.
As secretárias de Julieta respondem a todas as cartas e tentam dar esperança.
Para quem duvida que o casal existiu, Giulio Tamassia diz que é preciso acreditar mais na fantasia do que na história. “Mas temos várias referências históricas”, afirmou.
O poeta Dante Alighieri, na Divina Comédia, citou as famílias Montechio e Capuleto, e o ódio que as uniu. Uma guerra de poder separou Romeu e Julieta na obra de Shakespeare, inspirada em um livro italiano traduzido para o inglês.
O veneno, o punhal e a morte ganharam força como símbolos de um amor para além da vida. Julieta teria sido enterrada no convento de Padre Lorenzo, que protegia os jovens amantes. Mas os seus restos mortais teriam desaparecido, porque Julieta cometeu suicídio. O seu túmulo virou meta de peregrinos apaixonados desde o século 19.
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